Paciente: Sexo feminino. Vinte anos.
Estresse pós-traumático. Alucinações visuais.
Avistamentos de um vulto, o "homem grande".
Cartas de tarô, de origem desconhecida.
Muda.
Mora só.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Entrevista: Renata Stein, Kassandra em pessoa



Enfim, a entrevista com a atriz que deu vida para Kassandra, Renata Stein. Este é o primeiro curta da jovem atriz (antes, ela tinha feito um clipe e o piloto de uma websérie). Apesar da pouca idade experiência e idade (tinha19 quando começou a ensaiar para Kassandra), Renata carrega o espectador para dentro do filme.

O que mais te impressionou no filme? O conceito, o roteiro, a produção, a direção, a fotografia?

Pergunta difícil essa. Posso só dizer que me apaixonei por fazer parte do curta-metragem e da equipe de Kassandra?


Mas pelo quê você se apaixonou no projeto?

Pela dedicação e alegria da equipe de produção, pela parceria e a organização da direção, pela magia que é a fotografia preto e branco, que deixa tudo tão bonito, por poder dar vida a um roteiro tão cheio de mistérios e experienciar a personagem Kassandra.

O diretor Ulisses da Motta Costa disse que você foi a primeira pessoa que ele convidou para o filme. O que você achou de ser a protagonista de um filme de terror?


Achei irônico, muito irônico. Quando estava a sós com meus pensamentos eu sempre pensava que, como atriz, uma das coisas que eu não iria querer fazer era atuar em um filme de terror. E lá veio o Ulisses com a proposta do filme. Sou uma pessoa bem medrosa para certas coisas, não achei divertida a proposta. Só aceitei por três motivos: era o Ulisses dirigindo, a equipe e o elenco eu sabia que iriam ser muito bacanas e porque eu gosto muito de atuar.

Kassandra é um papel denso e bastante complexo, com várias camadas. Onde você buscou inspiração para compor a personagem, com todas as diferentes reações que ela precisava mostrar?


Eu não diria inspiração não, porque inspiração me remete a algo divino. Eu diria que foram muitos encontros, discussões, ensaios no apartamento onde seria o set e trabalho em grupo. Foi o trabalho durante alguns bons dias que me ajudou a conseguir criar Kassandra. Foi a minha confiança na equipe e a confiança da equipe em mim. E eu ainda acho que ela não foi criada 100%. Depois das gravações fico pensando o quanto ainda eu poderia ter feito. Não é inspiração não, é trabalho e entrega total antes e depois do “ação”.

O que foi mais difícil na hora de atuar? Foi o fato de que a personagem é muda e, portanto você não tinha o suporte da voz para poder atuar?


Sei que essa parece ser a parte mais difícil, mas eu sempre gostei da ideia de ter que atuar com a potência total no corpo e nos olhos. É claro, isso é difícil, mas é maravilhoso, ainda mais porque a câmera pode capturar os mínimos detalhes. E falar, acreditem, é bem complicado também. O mais difícil foi a solidão do set entre as mudanças de planos. Cada pessoa da equipe está focada em sua função para que tudo ocorra bem, e como na maioria das vezes eu era a única atriz, me sentia um pouco sozinha. Toda a vez que o Ulisses falava “corta” e todos começavam a se organizar para o outro plano, eu tinha que tentar me manter o mais concentrada possível para não perder o corpo, o olhar, a atmosfera que tinha se criado. Ah, é bem difícil.

Você passou por um processo de preparação bastante intenso para os moldes um curta-metragem, com exercícios, leitura de roteiro, material de referência para ler e ouvir. O quanto estas atividades ajudaram você? Alguns exercícios vocês repetiam no set, certo?


Estes exercícios foram essenciais. Poder trocar com a equipe, com o elenco, é muito produtivo e me deixou mais segura e a vontade para ir descobrindo “as camadas de Kassandra”, e de toda a sua história. Sim, nos dias das gravações repetimos os exercícios físicos por serem exercícios que dão voz ao corpo, já que era essa a parte que precisava ser muito forte na atuação para fazer Kassandra.

Que tipos de exercício vocês fizeram para ajudar na concepção do personagem? Você não podia falar durante estas atividades, certo? Como foi essa sensação?

Nós tivemos vários momentos, como reunião com todo o elenco conversando sobre a história de Kassandra, ouvindo a opnião dos atores e o diretor nos dando alguns materiais de referência para leitura ou para assistir. Outro momento foi a leitura do roteiro e mais conversas, onde o diretor me interrogou sobre algumas questões como do que eu tinha medo, o que me dava nojo, entre outras. A partir daí, passamos para a parte prática de exercíos para cliar a atmosfera de medo de Kassandra. Trabalhamos eu e o Maico com exercícios em que ele tentava me tocar e eu tinha que repelir e fugir, e outro que ficávamos percorrendo com o nosso corpo os espaços vazios do colega. Para mim, o primeiro foi bem bom e surgiram efeitos importantes para a concepção de cena e dos personagens. Outro exercício, que foi feito só comigo, e que foi importante, apesar de me deixar muito nervosa, foi lidar com o desconhecido, que para mim no caso era o escuro. Eu ficava deitada no sofa no escuro com as costas vulneráveis, o diretor falava e fazia ruídos e às vezes, o que era pior, simplesmente deixava que o silêncio me consumisse e me deixasse totalmente nervosa. É, eu tenho medo do escuro, hehehe.

Não falar era extremamente ruim, porque muitas vezes surgiam situações em que eu queria falar para não ter medo, gritar, xingar, e sabia que eu tinha que ficar quieta para experimentar essa sensação e não sair do jogo para a construção de uma personagem muda. Com certeza, não falar me incomodou muito nos ensaios e principalmente nas cenas que me deixavam assustada. Apesar de ter tido uma consequência boa, que foi anotar quase tudo que eu pensava ou sentia.



Kassandra conseguiu parte dos seus recursos através de financiamento coletivo. Você acompanhou o processo da campanha? Qual foi a sensação a ver que vocês tinham atingido a meta?


Desde que lançamos no site Catarse o nosso vídeo já deixei na barra de favoritos o link e diariamente eu olhava para ver como estava indo, e fui divulgando para algumas pessoas. Porém, na última semana eu comecei a me dar conta que não estávamos progredindo muito bem, então comecei a mandar e-mail para a minha família, amigos, amigos da família e pedindo para divulgarem para quem pudesse. E campanha no facebook direto também, é claro. Mandava mensagens para o Ulisses, feliz com o progresso dos últimos dias e, ao mesmo tempo, com medo de que não iríamos conseguir. Era frustrante pensar que poderia não dar certo. A sensação de atingir a meta foi quase igual a procurar seu nome no listão do vestibular e ver que esta lá. É muito bom.

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